Lembro-me dos meus tempos baianos onde as via quinhentos metros mais de perto. Eu era quase ainda criança, e estava mesmo mais perto do céu. Foi num tempo em que o vento forte trazia medo junto com seus cheiros de noite. Trazia meus pensamentos e sempre preferi fugi-los. Mas a imensidão hoje me engrandece. Seu silêncio me fascina. As estrelas, aqui mais distantes, estão esquecidas como se há muito ninguém as olhasse.
Marte logo vem. E cada um desses pontos sem nome é ainda partícipe de uma miríade fantástica, e a luz que emanam, sei que pode chegar a mim.
Preciso da noite. Dependo do mar e dos seus ventos de alegria ou solidão. E por causa desta, nunca esqueço-me. Aceito minha condição...Sou o que quero e preciso, mas ninguém se agrada disso: não há retratos. E sempre mancharei as aquarelas certas sobre mim. Porque gosto demais de sonhar, porque sempre vou fugir de vez em quando me levando, tentando sem cansar persistir nas coisas que vejo a mais, e só me tratam para que eu as esqueça.
Mas amanhecerá. Vou ficando... é que as paredes não me cabem, coisa mais tosca. Vagante . Tudo que consigo é despertar a curiosidade de uns, o desprezo de outros. E o tédio em mim.
De meu cérebro, desisto: é fadado. Envelhecerei sempre anos em dias e às vezes precisarei ler algum prólogo para tornar ao raciocínio objetivo, para que as palavras repitam: você está bem, não se preocupe, estamos com você. Quanto ao meu coração desenfreado, segue sangrando de quando em vez: tem desistido de mostrar o que sente.
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