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quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Aventure-se. Liberte-se. Voe.

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Por maior que seja a minha necessidade de amar, não o posso fazer sozinha. Foi preciso doer para que eu enxergasse. Desistindo fatalmente de ser 'melhor' a cada dia. Agora tanto faz, se sou primavera ou inverno. Tanto faz se a minha paz é teu inferno.

A vida decide, invade, arrasta, e quem sou eu diante da força da natureza, acima de todas as nossas escolhas. E nisso tudo, aprender a sentir minhas dores, ao invés de tentar sufocá-las. Aprender a chorar. A sentir saudade de tudo que faz parte de mim. É, eu me permito, sim. Descobrir que o amor deve ser um mar, sem limites, profundo, com ondas que vão e vem. Chega de pântanos. Se o amor agora pra mim é comédia, já me basta de tragédias. A explicação é simples. A descoberta é tardia. Achar alguém que vibre numa mesma sintonia.


Minha sentença é amar. O meu destino é sentir. Onde for preciso ir. Eu não temo nada quando venha do amor, seja ele qual for, de quem for, de quantas formas for. Eu não tenho medo de cair, se as minhas asas são imensas. Eu não tenho medo de ousar, se a minha alma me arrasta. Se o meu sangue implora. Tudo aquilo que me move nunca será errado. Ou proibido. Ou condenado. Apenas eu. Cadente, mas estrela.

Quem poderá subjugar a beleza do amor original? Quem o pode aprisionar? E que ninguém mais cegue os que vêem a mais. E que ninguém mais acorrente os que amam demais, os que sabem amar.


Nunca soube aprender a separar céu e inferno, fazer da vida um clube de campo. Separar uns aqui, outros ali, dividir pessoas pelo que negam de si mesmas. O mais difícil nesse mundo é aceitar que por trás de tudo, há apenas pessoas. Incapazes de aceitar que uma certa desordem é a ordem sagrada do mundo. Também não posso aceitar um Deus que seja menos do que tudo que se sente. Se ele não precisa de palavras, definição ou paredes.


E eu podia tentar dar só o melhor de mim, tentar merecer ser amada, mas já não me importa nada disso. Eu podia mostrar só o que eu tenho de mais bonito, mas acontece que os poetas são ambíguos. Instáveis, intensos, extremos, supremos, (promíscuos?): são anjos, são almas livres!

Eu queria escrever sempre num mesmo estilo. Poder dizer: sou contista. Poetiza. Prosa, verso, balela, qualquer coisa. Mas você já pode ver, coisa difícil é me enquadrar em qualquer definição, além da violência de uma solidão. E se mesmo assim você ainda não desistiu, te dou tudo de mim, então: organize. Impossível pra mim é julgar, separar, definir: faça-o você. Se puder, tente entender, porque eu só consigo sentir. Só não me peça pra fingir. Pra recuar se te assusto. Não posso te dizer só o que você quer ouvir. Ouse. Isso é amar.

Amar o torto, o vago, o incerto. O que há de ruim, sim. Ria-se dos meus defeitos. Desfrute dos meus vícios. Alguém real. Que tem sede de alma, e de pele também. Amar alguém que não cabe no seu ideal, mas pode ultrapassá-lo.

Aventure-se. Arrisque-se. Liberte-se. Voe, e caia sobre mim.

Liberdade: é disso que eu sou feita. O meu limite é não ter medida. Indefinições de espaço, laço, intensidade, tempo e dimensão: alforria da razão.





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Em êxtase.



O amor a toma nos braços e já não faz sentido qualquer juízo. E de todas as coisas que valessem em conta já pequenas seriam quando ele lhe disse : vem comigo.

Pediu que o tempo parasse como uma forma de não assumir tudo que deixava para trás. E, sem quase palavras na mente e algumas promessas nas mãos desafia tudo que tem por algo que nenhuma certeza lhe oferece . Quanto tempo estará ‘parada’ sua vida , sua solidão por tanto tempo cultivada e suas mais profundas meditações? Seus livros empoeiram nas estantes, seus cds românticos antes enojavam, fazem todo o sentido. Onde sua melancolia, junto com o seu juízo,razão, orgulho, dignidade e pudor? Sua tristeza por uma ironia despreocupada, despretensa. Seu ar sério na alegria que se lhe toma muitas vezes a pretender sufocar-lhe ou saltar aos olhos. E, ao demais, nada mais. Não pensar. E amar, amar, amar.

Oh! Perdoe-se o egocentrismo do amor. É que assim deitado à toa em seu colo lhe olha e é o que de mais belo existe e nenhum sentir comum poderá alcançar o elixir dessa fugaz felicidade. Esse mundo fechado a dois trincos será sempre desconhecido para mais de dois pares de olhos. É o preço. Mas se aprender calando e sorrindo o mistério que pede a vida para seus segredos é dádiva de cada, no retorno, um dia a si e aos seus, só há de perguntar: que ainda sou? E seguir sem esquecer do relance para trás donde lhe sorri o Amor dizendo: não lhes conte o que só se pode viver. Nunca explicar.

Se o futuro aos dois não abraçar, consta que tiveram na intensidade a certeza de todos os ‘pra sempres’ não ditos, e os suores de seus abraços quando ninguém mais se pertencia, para sempre – e agora, o que de mais vale - os manterá em êxtase.








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