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domingo, 25 de dezembro de 2011

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E quando chove assim, de fininho, o vento às vezes traz lembranças que atravessam anos em segundos, e de repente tantas coisas imaginárias além dos quilômetros foram espalhadas entre nós, desaparecem e eu não consigo pensar em muitas coisas além da vontade de te dizer, que a gente não podia ter se afastado tanto, Lalinha, porque eu nunca soube o que fazer com esse espaço imenso que você deixou vago na minha vida. Nada mais é fácil quando a infância se vai.











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quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

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era espelho,
e se quebrou.


e a quebra me libertou,de vez. E me descubro, talvez até maior, ou não...mas, de qualquer forma, leve. Não é perigoso estar errado. o perigo maior consiste em quando as pessoas conseguem te convencer de que você está.














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segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

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Devia ter uns 35 anos. Ou talvez sua expressão de profunda irritação ao me ver seria ainda maior se viesse a saber que lhe atribuí tal idade. Fato é que era bonita, talvez mais altiva que bonita. Não que sempre fosse notada mas de alguma forma, não passava despercebida. Tinha algo de arrancado pelo tempo, embora um orgulho teimoso fosse o que tornava seus olhos grandes tão bonitos. Os cabelos tingidos de preto, muito cacheados, eram secos e amarrados de qualquer forma. Não sei que espécie de critério as pessoas dessa cidade utilizam para selecionar as pessoas com quem falam, só sei que eu certamente não estava entre as suas. Sua expressão impaciente piorava ainda mais ao esbarrar na minha presença pela calçada, mãos dadas com meu filho. Mas a contrariedade de ser assim uma vizinha tão gratuitamente chateante a ela não era o bastante para me fazer retribuir-lhe a antipatia, antes, dispensava insistentemente uma curiosidade inquietante.

Quando passava por alguém, inicialmente baixava a vista como tentando discretamente reparar na sua própria aparência, e a partir disso sentia-se pior ou melhor, a depender da conclusão. E só então levantava o rosto com a mesma altivez e o brilho do orgulho que combina tão bem com olhos negros e que não é defeito, nem qualidade, é apenas adorno nas mulheres de olhos negros.

Era dessas pessoas que passam a vida entre os sonhos e as amarguras que deles nascem diretamente, dessas que não exitam nos seus ímpetos, e depois levam a vida a se punir e a tentar aceitar a contragosto que a mesquinharia da cidade estava mesmo certa: voltam-se contra si mesmas quando apesar de não desistirem, já não tentam mais.

As crianças eram três, uma delas eu vi mais vezes, magrinha, cabelo curtinho, expressão de bichinho assustado. A casa, sempre fechada, janelas e portas, era feia e escura como talvez o que sobrou dos seus impulsos mais apaixonantes. A música sempre alta como que para entrar na cabeça à força, fazendo-a esquecer o tumulto da própria mente.

Mas o som não abafava o choro das crianças, que por serem a parte fraca de tudo que não deu certo, recebiam a materialização da frustração e do ódio: pancadas. Nos momentos de vasão aos monstros interiores, é assustadora a natureza humana. É quando se materializam todos os pensamentos que dia-a-dia trabalham na expressão do rosto cada vez mais contraído, sendo todos de uma vez só. E eu só podia ouvir a tristeza daquelas três crianças, por tão pouco saberem da vida além do que é errado, feio, triste e dorido. Na sua condição de criança que não experimentou muitas belezas e alegrias, talvez não seja possível dimensionar a sua própira infelicidade. Mas um dia quando adulta, aquela menininha magrinha com expressão de bichinho assustado não vai saber explicar que tipo de coisas moldaram mais o seu rosto do que a própria genética, para fazê-la tão impotente e incapaz diante da vida escura e assustadora.

Essa manhã o pai das crianças chegou com aquele caminhão muito velho, seu único instrumento de trabalho. Pôs pra cima todas as caixas mal arrumadas, os móveis velhos, com criança e tudo. Mas eu vi a mulher dos olhos negros abrir a porta emperrada com suas próprias forças, e subir por sua própria vontade na ferrugem que arrastaria outra vez os seus sonhos destruídos.








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sábado, 10 de dezembro de 2011

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"Vou ficar aqui, com um bom livro ou com a tv
Sei que existe alguma coisa incomodando você
Meu amor, cuidado na estrada
E quando você voltar
Tranque o portão
Feche as janelas
Apague a luz
E saiba que te amo..."















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segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

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Especialista em decepcionar pessoas.
eu desisto.
de mim? nunca mais.
Desisto ainda mais de ficar me perguntado o porquê desse estranho dom.

É pedir muito menos expectativas a quem chega? seria mais fácil.
Serei eu algo de tão imensamente aberrante e escandaloso? acho que não mesmo. Muito longe de ser alguém "extravagante" antes, sou mesmo "extra-vagante".


Se quer saber, me acompanhe se puder. Eu percorri muitos caminhos até aceitar que o erro não tá em mim. nessa vida só fica quem tem que ficar. Quem pode aceitar, que eu sempre vou seguir a linha pra no fim dela virar do avesso. E a minha sina é ser quase só, enquanto eu só encontrar quem tente me julgar ou entender.

Eu não gosto de joguinhos. Eu às vezes encho o saco tão de tudo. Talvez eu tenha mesmo gosto por sempre decepcionar um pouquinho, ou apenas eu não tenha paciência por seguir linhas de raciocínio: um sincero tédio de qualquer ideia que não transige.

Porque eu vou negar toda futilidade e em seguida subir no maior salto.
Eu vou pregar toda a natureza e em seguida esticar e pintar o cabelo.
E tirar a roupa quando menos se espera.
Ou me estender por anos em amores líricos e lânguidos.
Eu vou cultivar toda tristeza e no outro dia cuspir "mas que grande babaquice".
E eu sempre vou achar piegas todas coisinhas de amor, e de repente me jogar de vez.
Até que um dia alguém não se sinta inseguro por não conseguir me enquadrar em qualquer moldura.
Eu podia ser melhor sim. Pra quê? E o que é ser melhor pra você?

Eu não quero ser frágil...E muitas vezes vou ser como ninguém.
Eu sou do jeito que tiver afim de ser, e dane-se tudo.

Porque eu já entendi que não há o que entender. Toda idiotice nasce disso, das pessoas quererem ser qualquer coisa traduzível, definível, imitam as coisas sem perceberem, esse é o mundo material, com pessoas materiais. E eu não sou dele.

Eu não tenho estilo. Não tenho maturidade. O que é maturidade pra você? Descrer? Emburrecer? Calar? Baixar a cabeça? quem te fez acreditar em tantas bobagens, quem é o bobo aqui? Eu não tenho personalidade. Opiniões estão, não são.

Eu já passei por isso antes e quer saber, não tenho paciência. Eu levei tempo pra perceber que o erro não era meu. Pretensão? que seja. Ouso sim dizer que já pude ver que a beleza das coisas, de verdade, mora apenas na liberdade.

E é só isso que eu persigo, e é só disso que eu preciso, todo o tempo.

E se quer saber, eu não tenho obrigação de ser sempre triste. Quantas amizades 'darks' se foram porque um belo dia eu acordava feliz e idiota e as pessoas sempre tentando me prender a qualquer coisa.

E dos infelizes eu fui a mais triste, e dos contentes eu fui a mais exaltada, e das santas eu fui canonizada, e das mártires eu fui a crucificada, e das putas eu fui a mais louca.

Eu não tenho obrigação de estar sempre certa. Eu não tenho obrigação de sempre ter bom-senso. moderação. Nem de limitar os meus anseios quando tudo é lindo e eu nem tô aí se alguém mais pode alcançar isso.

Eu vou mandar se foder sem motivo e vou morrer de amar qualquer dia de manhã, pessoas que eu nem sabia amar tanto mas que estão 'a cara' daquele dia.

mas nem mesmo sei se é possível ter um amigo ou amiga e dizer te amo tanto sem que não pense que você quer comê-lo ou comê-la. eu não tenho um amor, nem to procurando, pode ser? afão.

É só mais um dia de tudo-se-foda. Gente que chega e vai rápido demais, que se acha no direito de julgar por mínimas idiotices, disse-me-disses. quanta mediocridade.
mas quem tem que ficar, fica.

A minha natureza é livre, independente, mas violenta e crua. E dessa imensidão não abdico nunca mais.

A mudança é a lei que prevalece. Liberdade: é disso que eu sou feita. Ilimitações de espaço, laço, intensidade, tempo e dimensão: alforria da razão.

E eu não aceito ser menos do que sou.








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sábado, 3 de dezembro de 2011

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There's nothing you can know that isn't known
Nothing you can see that isn't shown
Nowhere you can be that isn't where you're meant to be














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quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

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tua tristeza inconfessa

é do tamanho

do que seria

tua alegria: avessa.







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